[quinta-feira, abril 27, 2006]
Sotaques
Nesses últimos três dias um carioca chatérrimo ligou insistentemente aqui na Embaixada querendo saber notícias sobre seu visto, porque ele iria viajar pros EUA esta semana e tinha que estar com o visto no passaporte pra ir pra Noruega logo depois. Problema dele, que não teve a capacidade de pensar nisso antes de fazer o pedido em cima da hora. Como se ele fosse a única pessoa do mundo para quem o Serviço de Imigração da Noruega concede visto.
Pois bem, mas o que me irritou - além das 54873 ligações por dia, como se eu pudesse ligar pro Rei Harald e resolver o problema dele no mesmo momento - foi aquele sotaque carioca carregadérrimo. Alguém já teve um carioca enchendo o seu saco o dia inteiro? Eu nunca tinha tido até então. Nunca achei o sotaque horrososo, mas tb não achava bonito. Depois de ver o que é um carioca falando e falando e falando no seu ouvido várias vezes por dia, é oficial: o sotaque carioca é o mais feio do Brasil. (Os cariocas que lerem isso que me perdoem, mas o blog é meu e doravante esta é a minha opinião).
Ontem eu estava na aula conversando com uma menina ao meu lado, e ela disse que acha horrível o sotaque do sul. Eu olhei pra ela com a maior cara de "ãaaaHHHnnnn? Tá doida mulher?". Cara, sempre achei lindo o povo do sul falando! Acho sedutor, sei lá. Talvez porque remeta à idéia de europeus, educados, cavalheiros medievais, Lancelot, whatever. Só sei que acho lindo. E pronto.
Devido a estes dois acontecimentos, resolvi fazer duas listas (amo fazer lista!) de sotaques amados e detestados.
Lista dos sotaques mais bonitos: 1º: Região Sul, indubitavelmente. (Mas que seja da capital, porque o povo do interior perde uns pontinhos ao puxar o erre). 2º: São Paulo, capital. Todos paulistanos que já conheci eram super gente boa, sem exceção, e acho que esse jeito bacana e desencanado de ser é passado pelo sotaque. Nem me incomodo quando as mocinhas de telemarketing de Sampa ligam pra vender alguma coisa, pq o sotaque é muito lindo de ser ouvido. Nunca esqueci a alegria que foi quando eu estava sentada sozinha no aeroporto de Oslo, morrendo de chorar porque não queria voltar pra casa, e ainda sem saber o que fazer com as 5 (CINCO) bagagens de mão que eu teria que carregar até Brasília. Quando de repente escuto a seguinte frase "pô meu, e esse seu chinelo?"... na mesma hora abri um sorriso, tipo "yes, brasileiros!!!" e fui conversar com os paulistanos, que fizeram questão de carregar minha bagagem de mão de Oslo até Frankfurt, de Frankfurt até São Paulo e me ajudaram até o embarque pra Brasília. 3º: Mineiro. Apesar de ouvir trocentas vezes a pergunta "você é mineira?" e ter que esclarecer que não, o máximo de mineiro a minha volta são alguns amigos. Eu acho muito bonitim o jeitim que'les falam. É fofo. E eu geralmente me dou muito bem com o povo de lá.
Lista dos sotaques mais feios do Brasil: 1º: Carioca, conforme previamente explicado. Quando falam, eles parecem que estão tirando onda o tempo inteiro e que se acham melhores que o resto do país, quando não podem nem sair de casa pra não levar bala perdida na testa. 2º: Baiano. Porque eles falam tão devagar que parecem que vão cair no sono a qualquer tempo no meio da conversa. Dá vontade de dar um empurrão pra que a fala deles pegue no tranco. Aquela moleza e cansaço na voz me dão nos nervos. (Ainda bem que não dá pra ouvir sotaque em música, senão Babado Novo já era pra mim). 3º: Goiano. Porque quando eles conversam me dá a impressão de estar ouvindo o pai do Chico Bento conversando com o Nhô Lau, com aquele capim no cantinho da boca. Só quem pode falar com capim na boca é o Sawyer, ninguém mais. 4º: Resto do Nordeste. Sim, eu sou filha de piauiense com paraibano, mas Graças a meu bom Deus eles vieram pra Brasília cedo suficiente pra perder o sotaque. E consequentemente, para não transmití-lo pra mim. Meu sotaque brasiliense tá de bom tamanho (apesar de eu não saber exatamente como ele é, apesar de já ter ouvido que brasiliense fala cantado). _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Saindo ontem do trabalho, fui comprar uns livros pro Exame da OAB, que esvaziaram a minha carteira em (AI!) 400 reais. Fiquei com o maior aperto no peito (rimou!), mas era por uma boa causa, pensavam meus tico-e-teco.
Ironicamente, ao chegar no cursinho, o professor disse que conversou com a examinadora e a prova está pronta. Mas não foi ela que elaborou, porque surgiu um imprevisto com ela e a prova acabou sendo elaborada por outra pessoa. Detalhe: comprei os livros de um autor que a examinadora de até então gostava. Quem acabou elaborando a prova gosta de outro autor, que não tem a linha de pensamento tão parecida com o dos livros de 400 contos.
Talk about luck...
por Bella * 11:02 AM
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